quarta-feira, 2 de maio de 2012

Waldemar desite do Annapurna devido ao risco de avalanches.

No dia 18 de março deste ano o AMIGO DO PARQUE BARIGUI e maior alpinista brasileiro WALDEMAR NICLEVICZ embarcarcou para o Nepal, para enfrentar o Annapurna, a décima maior montanha do mundo, com 8.091 metros de altitude.

Embora o Annapurna tenha sido o primeiro Oito Mil a ser conquistado (em 1950, por uma expedição francesa), é o menos escalado e considerado o mais perigoso, devido ao grande risco de avalanches. Apenas 191 alpinistas completaram a sua escalada com sucesso, e 64 morreram nas tentativas, seu índice de fatalidade é altíssimo, 33,51%, ou seja, para cada três alpinistas que chegam ao cume há uma morte.

Annapurna, em sânscrito, quer dizer “deusa das colheitas”, seu maciço tem 55 km de comprimento e se ergue ao lado do vale do rio Kali Gandaki, o mais profundo da Terra, em razão de, no outro lado deste vale, a 34 km de distância, ficar outra montanha com mais de oito mil metros, o Dhaulagiri (8.167m), a sétima maior montanha do mundo.

Existem apenas catorze montanhas na Terra com mais de oito mil metros de altitude, conhecidas como os “14 Oito Mil”. Até hoje apenas 28 pessoas completaram este feito extraordinário, considerado o maior desafio mundial para os alpinistas.

WALDEMAR NICLEVICZ já escalou sete dos 14 Oito Mil, entre eles duas vezes o Everest (8.848m) e o temível K2 (8.611m) (o mais difícil de todos e atualmente o segundo mais perigoso).

Infelizmente nesta quarta feira, 02 de maio de 2012, nosso Amigo WALDEMAR foi obrigado a desistir desta sua nova aventura. Ele relata abaixo os motivos de sua desistência. Nós AMIGOS DO PARQUE BARIGUI o parabenizamos e desejamos um bom regresso, com a certeza de que a segurança é a regra básica em todo esporte e que em breve ele conquistará esta montanha!
 Foto 1
 Foto 2
 Foto 3
Foto 4
WALDEMAR NICLEVICZ -

Estimados Amigos,
Hoje já estávamos indo para o acampamento 3, com a esperança de finalizar com êxito a escalada do Annapurna, mas, como aconteceu na tentativa anterior, fomos surpreendidos pelas avalanches, e muitos voltaram para o acampamento-base.

Logo que chegamos aos 6 mil metros de altitude, por volta das 7 horas da manhã, foi possível comprovar o tamanho absurdo da avalanche que nos havia assustado na noite anterior, ao balançar com força as nossas barracas. Pedaços de gelo, toneladas de neve, exatamente sobre o nosso caminho. E de repente um novo estalo, uma nova avalanche, ficamos paralisados observando aquela força descomunal da natureza, felizmente protegidos por uma grande greta, mas os nervos novamente voltaram a flor da pele.

Ao fundo observávamos o “corredor” por onde teríamos que passar, onde não teríamos nenhuma chance de escapar com vida se uma outra avalanche daquele tamanho desabasse. Praticamente todos os alpinistas que se encontram agora no Annapurna foram ali se agrupando, mas nenhum teve a coragem de continuar avançando, quem não desceu para o acampamento-base, acabou voltando para o acampamento 2.

Infelizmente, a temporada que no início parecia seca e estável, acabou se tornando uma primavera com abundantes nevadas e muito vento, o que aumenta, e muito, o risco de se escalar o Annapurna, devido as constantes avalanches. Não existe uma rota segura, até mesmo a “rota alemã” (mais segura que a original “francesa”) possui um trecho onde nos tornamos totalmente vulneráveis as avalanches: “o corredor”.

É muito fácil compreender porque a maioria dos alpinistas que desejam escalar todos os 14 Oito Mil deixam o Annapurna por último, e agora compreendo melhor as estatísticas que o apontam como o Oito Mil mais perigoso, com um índice de fatalidade de 33,51% (quantidade de alpinistas mortos em proporção à quantidade de cumes registrados).

Até que ponto vale arriscar? Transformar uma escalada numa roleta russa? Cada um tem a sua resposta. Para mim essa não é a temporada adequada. Eu estou voltando para o meu Amado Brasil.

Namastê!

Waldemar Niclevicz

A Expedição Annapurna tem o apoio da XP Investimentos!
Fonte: site do Waldemar Niclevicz http://www.niclevicz.com.br

Fotos: 1) Hoje pela manhã, todos reunidos em frente ao Annapurna,aproximadamente a 6 mil metros de altitude, mas ninguém se atreveu a continuar rumo ao acampamento 3 devido ao risco de novas avalanches. Facilmente se nota a força do vento nas altitudes superiores.
2) Como encontrei a minha barraca no acampamento 2 (5.700m) nessa última investida, o exagero de neve transformou a escalada em uma roleta russa, devido as constantes avalanches.
3) O “corredor” por onde estão caindo grandes avalanches, e por onde tínhamos que passar para seguir rumo ao acampamento 3.
4) Grande avalanche próxima ao acampamento-base.

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