segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Acessório da moda

É comum encontrar corredores de rua, ciclistas, jogadores de futebol, vôlei e ginastas utilizando uma bandagem de proteção, espécie de adesivo grudado ao corpo. As cores são as mais variadas. O futebolista inglês David Beckham, por exemplo, já apareceu em treino do Los Angeles Galaxy com o acessório rosa.

Estética à parte, tais proteções estão modificando o tratamento e prevenção de lesões. São equipamentos que – para uma corrente da área esportiva – prometem proteção aos músculos e bem-estar de atletas durante treinos e competições. As fitas não possuem produtos químicos e nem prometem acelerar a cura, aliviar a dor e até melhorar o desempenho.

“As bandagens têm tanto ação terapêutica quanto profilática. No caso da terapêutica, como o próprio nome sugere, tem como objetivo limitar os movimentos lesivos, controlar a inflamação, proteger a área afetada. E na função de profilaxia [prevenção] ela promove um suporte adicional à estrutura protegendo das forças de tensão e do estresse repetitivo”, detalha Karina Mafron, fisioterapeuta do Coritiba.

No futebol, o método tem sido usado no tratamento de distensões, entorse e pequenas fissuras ósseas. O resultado, alheio às controvérsias, surge como satisfatório.

“No caso de lesões, permite que o tempo de afastamento de atletas seja menor, pois diminui a dor. E para aqueles que apresentam um histórico ou tendência de problemas, as bandagens funcionam como proteção”, completa a fisioterapeuta.

Mesmo com o sucesso entre os esportistas, na medicina a eficácia das bandagens ainda é bastante questionada. Alguns estudos mostram que, após 20 minutos de atividade física, a proteção perde parcialmente sua resistência mecânica, tornando-se frouxa.

De acordo com o ortopedista Luís Bauer, especialista em medicina esportiva, não existem dados que comprovem os efeitos clínicos das faixas de proteção, também conhecidas por kinesio tapings.

No entanto, o médico observa um aspecto positivo: “Uma coisa é certa, a bandagem au­­menta a confiança dos atletas e dá mais segurança na hora da execução de alguns movimentos”, analisa.

De 2007 a 2009, Bauer integrou a equipe médica da seleção brasileira de ginástica artística. Na época, Diego Hypolito, principal ginasta brasileiro na Olimpíada de Pequim 2008, fazia uso da tecnologia.

Segundo o médico, praticantes de esportes que priorizam a musculatura de membros superiores, como braços e ombros, relataram maior conforto na execução dos movimentos com o adesivo. Hypólito foi um de muitos atletas olímpicos que fez uso do material popularizado nos Estados Unidos, na década de 1990, mas que já servia de base em terapias orientais no século 19.

Depois do sucesso entre os profissionais, a moda caiu no gosto de atletas amadores. A pu­­blicitária e Amiga do Parque Barigui Cristiani Kem­­pinski aderiu à novidade há dois anos. Praticante de triatlo, ela utiliza as proteções durantes as competições e garante que os efeitos positivos de fato existem.

“Pode ser psicológico, mas funciona muito bem. Me ajuda na estabilidade, não me atrapalha nos movimento e posso usar até quando faço natação. Desde que comecei a usar, não tenho sofrido lesões”, elogia.

O método não consiste em simplesmente aplicar as bandagens. Para usá-lo é necessário um trabalho em conjunto entre fisioterapeuta e atleta. A disposição, colocação e tensão destas fitas serão de acordo com o objetivo e a anatomia do segmento a ser tratado.

Matéria publicada no Jornal Gazeta do Povo por Angelo Ricardo Binder (26/08/2011)

Foto: Marcelo Elias

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