A questão do trema
Pela Professora Maria Tereza Piacentini
Oficialmente já não se usa mais o trema, que em Portugal havia sido abolido em
Por estarmos familiarizados com a pronúncia de vocábulos como antiquíssimo, cinquenta, cinquentenário, consequência, equestre, equitativo, liquidificador, liquidação, sequela, sequestrador, subsequente, tranquilidade, aguentar, ambiguidade, linguística, linguiça, sagui, pinguim, unguento, a presença do trema não faz nem fazia diferença para nós, sendo por isso dispensável.nossa escrita”, como por exemplo ett, ff, m antes de t.
O trema, contudo, se não faz falta nas palavras de uso comum, é imprescindível nos nomes próprios – e não apenas nos de origem estrangeira – pois ele informa sua leitura correta. Para exemplificar: só quem conhece bem a nossa História vai falar corretamente “Via Anhanguera” – com o u pronunciado – mesmo que ali não encontre o trema. E somente quem é de Curitiba sabe que o nome do parque Barigui deve ter o u proferido; uma pessoa de fora, se não encontrar essa palavra tremada, por certo lerá a última sílaba como dígrafo, isto é, como gui de guia. Então é conveniente, para o bem de todos, que se escreva Anhangüera e Barigüi, mesmo porque ambos os nomes, sendo de origem indígena (em tupi, anhangüera quer dizer “diabo velho”, e barigüi, “mosquito”), podem ser enquadrados na norma dos estrangeiros.
Empregava-se o trema nas “sequências gu e qu seguidas de e ou i, nas quais o u se pronuncia”. Em outras palavras: trema só nos grupos gue, gui, que, qui que tenham o u pronunciado (atonamente, como semivogal, pois se configura aí um ditongo crescente).
A ideia do trema era mostrar a diferença de pronúncia entre GUEto, GUIsado, QUENte, QUIlo e alcaGÜETO (verbo), saGÜI, freQÜENte, tranQÜIlo, por exemplo. Embora sem trema, a pronúncia dessas palavras continua a mesma
Professora Maria Tereza
Catarinense de Joaçaba, reside há mais de 30 anos
Trabalhou com redação e revisão de correspondência oficial por mais de vinte anos. Em 1989 foi responsável pela revisão gramatical da Constituição do Estado de Santa Catarina e no ano seguinte começou a publicar artigos sobre questões vernáculas em diversos órgãos de imprensa. Atualmente ministra cursos de Português, faz revisões de textos e mantém a coluna semanal Não Tropece na Língua, publicada em diversas revistas eletrônicas e jornais do País.
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