segunda-feira, 5 de abril de 2010

RAÇÃO PARA GENTE

Cada vez mais popular, a mistura de cereais inventada em Curitiba deve ser utilizada como complemento nutricional, não como panaceia para o emagrecimento
A ex-comissária de bordo Lica Takagui (Amiga do Parque Barigui) conviveu com uma anemia por 12 anos e ficou ainda mais preocupada com a condição de saúde quando engravidou. Em vez de recorrer à remédios, decidiu usar os alimentos como aliados. Com ajuda de um professor de nutrição, a hoje terapeuta natural Lica desenvolveu uma mistura balanceada de cereais, que serviu de complemento para a sua alimentação durante a gravidez. A ideia deu tão certo que ganhou mais adeptos e um nome curioso: ração humana.
Muitas fórmulas apareceram no mercado desde então com a promessa de perda de peso rápida. Mas os criadores da ração humana preferem dissociar a mistura ao marketing do emagrecimento. “Ela deve fazer parte de um processo de alimentação balanceada, em que a pessoa perde peso aos poucos, de maneira sustentável”, diz o nutricionista Daniel Boarim, que desenvolveu o produto junto com Lica. “O emagrecimento é uma consequência, porque há uma limpeza profunda no intestino, que passa a absorver mais nutrientes”, complementa ela.

A terapeuta natural Lica Takagui é uma das criadoras da ração humana: emagrecimento é consequência

Precauções
Antes de começar uma dieta com ração humana é recomendável consultar um nutricionista ou médico, embora os alimentos funcionais não precisem de prescrição. “Podem ser consumidos livremente todos os dias, como parte de uma alimentação saudável. As pessoas consomem alimentos funcionais para não ficarem doentes e não porque estão doentes”, afirma a PhD em nutrição humana Regina Maria Vilela, chefe do departamento de nutrição da Universidade Federal do Paraná.
A nutricionista aconselha que pessoas com doenças prévias, especialmente as ligadas ao trato gastrointestinal, façam acompanhamento médico de dietas com doses extras de fibra. “Em alguns casos as fibras ajudam no funcionamento do intestino, mas podem ser prejudiciais em crises inflamatórias e diarreias, além de agredirem o estômago em caso de úlceras”, explica. Para os diabéticos, as fibras podem auxiliar no controle da glicemia, mas nunca substituem o medicamento hipoglicemiante ou a insulina.
Já os que querem de fato emagrecer, devem estar atentos para seguir uma dieta equilibrada. “Substituir refeições por esta mistura não é interessante porque ela não possui muitos componentes que são importantes nos alimentos. Dieta saudável é variada e colorida”, alerta Regina.
As dietas milagrosas geralmente pecam neste ponto: não são sustentáveis por muito tempo porque as pessoas sentem a monotonia de usar diariamente o mesmo produto e voltam a engordar. “Ainda não inventaram nada melhor do que a dieta equilibrada e a atividade física regular”, argumenta Regina.
Muita água
Quem está consumindo ração humana deve beber mais água ao longo do dia. “Toda fibra dietética requer água para formar o bolo fecal”, explica Boarim. Caso contrário, o efeito pode ser inverso: ao invés de ajudar no funcionamento do intestino, as fibras mal digeridas podem deixá-lo preso. O consumo em excesso também pode causar diarreia.
Além do cuidado no consumo, é preciso estar atento ao produto na hora da compra. Naturalmente, os cereais podem ajudar na proliferação de fungos. “Nos produtos que são comprados avulsos, a validade não começa a partir do dia em que foi comprado, mas é preciso verificar desde quando estão disponíveis na loja”, alerta Lica.
A dose recomenda de ração humana é de duas colheres de sopa ao dia. “É possível ingerir mais ou menos, em função da atividade física e do contexto alimentar de cada um. Podemos acrescentar a mistura ao suco, leite de soja, frutas, sopas e salpicado sobre os legumes”, ensina Boarim. Colocar a ração no leite não é indicado, porque as fibras podem limitar a absorção de cálcio pelo organismo.
Serviço:
Ração Humana Takinutri: R$ 32 o pote com 500 gramas. Consulte as lojas pelo site http://www.takinutri.com.br/.
  • Empório do Queijo: R$ 38 o kit para mistura com 2,5 kg. Mercado Municipal de Curitiba – Box 429/430/431/432. Fone (41) 3264-6502
  • Assel Casa de Especiarias: R$ 20 a mistura pronta com um quilo. Mercado Municipal de Curitiba – Box 441/442/443/444/445/446. Fone (41) 3362-3274
  • Empório do Sabor: R$ 19 o kit para mistura com 1,3 kg. Mercado Municipal de Curitiba – Box 65/66/67. Fone (41) 3264-1543 (41) 3264-1543

Fonte: Gazeta do Povo - Publicado em 04/04/2010 Fernanda Trisotto, especial para a Gazeta do Povo - fernandat@gazetadopovo.com.br - Foto: Priscila Forone

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