domingo, 10 de janeiro de 2010

Parque Barigui é um santuário para as aves de Curitiba

O Parque Barigui, situado na região oeste de Curitiba, é um dos mais importantes remanescentes naturais da capital paranaense. Se você quiser procurá-lo no Google Earth, ele está a 25°25'36"S e 49°18'42"W a uma altitude de 911 metros. Trata-se de uma extensa área com um total de 140 hectares, que foi transformada em reserva de proteção ambiental em 1972 e protegida pela Prefeitura Municipal de Curitiba. É composta por três bosques conectados e por um lago com 230.000 m2, em torno do qual existem edificações e estrutura para lazer.
A grande importância do Parque Barigui não é apenas a sua vegetação, um fragmento de mata de araucária em grande parte preservada, mas também a proximidade e conectividade com blocos de florestas da região oeste dos municípios vizinhos. A presença do grande lago artificial, ainda, permite a presença de espécies aquáticas que ali se reúnem, eventualmente como parte de suas viagens de migração.
Segundo a última pesquisa divulgada no livro “Aves de Curitiba: coletânea de registros”, são mais de 300 as espécies de aves (total preliminar de 308) que ocorrem no Parque, mostrando o quanto diversificada é a avifauna local, graças a essas características especiais da paisagem. Por esse motivo, o local tem sido visitado por grupos de observadores de aves locais e de outros estados e países, buscando pelo contato com aves especialmente interessantes, visto serem comuns apenas nesta região brasileira. É, sem dúvida, um hotspot para o birdwatching.

Foto: Cisqueiro - Arquivo Reni Santos

Um destes exemplos é o cisqueiro (Clibanornis dendrocolaptoides: Canebrake Groundcreeper), uma espécie florestal restrita às matas de araucária que encontra ali, uma de suas mais importantes áreas de ocorrência. Outras aves interessantes, algumas delas comuns, outras muito raras no Barigui, são o arredio-oliváceo (Cranioleuca obsoleta: Olive Spinetail), grimpeiro (Leptasthenura setaria: Araucaria Tit-Spinetail), grimpeirinho (Leptasthenura striolata: Striolated Tit-Spinetail), a guaracava-de-bico-curto (Elaenia parvirostris: Small-billed Elaenia), pavó (Pyroderus scutatus: Red-ruffed Fruitcrow), gralha-azul (Cyanocorax caeruleus: Azure Jay), sabiá-ferreira (Turdus subalaris: Eastern Slaty-Thrush), tico-tico-do-banhado (Donacopsiza albifrons: Long-tailed Reed Finch) e duas espécies de Poospiza: o quem-te-vestiu (Poospiza nigrorufa: Black-and-rufous Warbling Finch) e o tico-tico-da-taquara (Poospiza cabanisi : Gray-throated Warbling-Finch).
Foto: gavião-bombachinha - Arquivo Luis A. Florit

Alguns gaviões, embora raros, poderão ser encontrados na mata, com destaque para o gavião-bombachinha (Harpagus diodon: Rufous-thighed Kite), gavião-miudinho (Accipiter supercilosus Tiny Hawk), gavião-caboclo (Heterospizias meridionalis: Savanna Hawk), gavião-de-rabo-curto (Buteo brachyurus: Short-tailed Hawk), o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus: Black Hawk-Eagle) e o falcão-peregrino (Falco peregrinus: Peregrine Falcon). Dentre as corujas, sobressaem-se a corujinha-do-sul (Megascops sanctaecatarinae: Long-tufted Sreech-Owl) e a coruja-listrada (Strix hylophila: Rusty-barred Owl).
Pequenos grupos de tucanos-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus: Red Breasted Toucan) também poderão ser localizados, assim como outros trepadores: pica-pau-anão (Picumnus nebulosus: Mottled Piculet) e os grandes pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus: Lineated Woodpecker) e o pica-pau-rei (Campephilus robustus: Robust Woodpecker). Ao mesmo tempo, poderão aparecer espécies multicoloridas como o tangará (Chiroxiphia caudata: Blue Manakin), o sanhaço-fura-laranja (Thraupis bonariensis: Blue-and-Yellow Tanager), a saíra-preciosa (Tangara preciosa: Chestnut-backed Tanager), o saí-azul (Dacnis cayana: Blue Dacnis), o sanhaço-frade (Stephanophorus diadematus: Diademed Tanager), a saíra-viúva (Pipraeidea melanonota: Faen-breasted Tanager), o saí-andorinha (Tersina viridis: Swallow Tanager) e as euphonias: fim-fim (Euphonia chlorotica: Purple-throated Euphonia), gaturamo-verdadeiro (E.violacea: Violaceus Euphonia) e o cais-cais (E.chalybea: Green-chinned Euphonia).
No grande lago será possível observar aves aquáticas em grupos ou isoladas, com destaque para anatídeos e ardeídeos, além do colhereiro (Platalea ajaja: Roseate Spoonbill) e também o mergulhão-de-orelha-amarela (Podiceps occipitalis: Silvery Grebe) que eventualmente visita o parque na primavera, junto a várias espécies limícolas.
O Web Birding Brazil é uma oportunidade única para a observação online de algumas destas espécies e muitas outras, saciando em parte o interesse para uma visita real a Curitiba para ver pessoalmente todas essas aves. Vamos torcer para que tudo dê certo e que as condições climáticas ajudem em nosso passeio!
É bom lembrar que, durante a transmissão do WBB, muitas pessoas estarão visitando o parque, pois é um importante centro de lazer para a população de Curitiba e municípios vizinhos, especialmente durante os fins de semana. A presença delas não será prejudicial para nossa atividade. Pelo contrário, acreditamos que será uma excelente forma de divulgar a prática de observação de aves como alternativa de contemplação da natureza e, também, para a preservação da biodiversidade.
Fonte: Luciano Wildlife Filmmaker

Um comentário:

Desiree disse...

Olá. Sou jornalista, escrevo para a Revista MRV, uma revista de variedades que a construtora está editando para seus clientes, e gostaria de entrevistar o responsável ou membro da associação dos amigos do Parque.

Meus contatos são (31) 3309-2420 e desiree.antonio@medialuna.com.br.


Obrigada


Abraços,