Em um ambiente mais frio o organismo não faz uma redistribuição do fluxo sanguíneo, não dilatando os vasos. Já no calor os vasos sanguíneos dilatam mais para a troca térmica entre a pele e o meio ambiente.
Como o ser humano é homeotérmico, ou seja, mantém a temperatura do corpo constante, é indiferente, do ponto de vista fisiológico, a temperatura ambiente. Mas, na prática, não funciona assim, em ambientes mais frios o corpo tem dificuldade em manter a temperatura e produz menos energia, dificultando a perda de calor.
Aclimatização
Tanto para correr no frio como no calor, a aclimatização, ou seja, submeter seu corpo às sensações térmicas de onde a prova será realizada, é a melhor maneira de minimizar os efeitos climáticos no seu desempenho durante a corrida. Seja no frio ou no calor o atleta deve se adaptar à temperatura na qual será realizada a competição. Nosso corpo demora de 8 a 9 dias no frio e de 7 a 8 dias, no calor, para se adaptar.
Quando está quente é preciso fazer uma pré-hidratação e durante a prova se hidratar também, alternando entre água e isotônico. No frio o aquecimento é fundamental, assim como estar bem agasalhado.
Se um corredor brasileiro vai fazer a fria Maratona de Nova York, por exemplo, que pode ter uma largada com cerca de 5°C, ele tem de ir com antecedência de mais ou menos uma semana ou 10 dias para fazer a aclimatação, o que seria o ideal. Além de ter cuidado com as extremidades (dedos, nariz, orelha) protegendo essas partes do corpo com acessórios.
Outro exemplo, para quem mora na região sul do pais e vai realizar a Meia-Maratona da Bahia torna-se necessária também a aclimatização, mas, além disso, é muito importante o cuidado com a hidratação. "Se em Curitiba ele perde 500 ml de água por hora, na Bahia essa perda ficará entre 800 ml e 900 ml. Por isso, é preciso fazer uma reprogramação da reposição de líquidos".
Muito além do frio
E se a temperatura fria já faz os ossos doerem, imagine encarar uma prova com ventos e chuva, como acontece em muitas competições ao redor do mundo. Além do desconforto físico, a falta de hidratação quando o clima mascara o esforço do exercício. A chuva e vento contribuem para a perda de calor. Eles provocam uma sensação térmica mais agradável, enganando quem acha que não precisa se hidratar. Mas isso é errado e as pessoas devem se hidratar tanto com chuva como em temperaturas secas.
A velocidade do vento é um fator climático muito importante, pois altera o rendimento do atleta, tornado-se um obstáculo. Se o vento estiver muito forte o ideal é usar aqueles agasalhos que cortam o vento e ajudam a manter o corpo aquecido. Existem situações que mesmo agasalhado o atleta pode ter hipotermia (queda de temperatura do corpo). Em provas com chuva, frio e vento se perde muito calor, por isso recomenda-se o uso de capas e roupas especiais.
A questão da umidade
Correr no frio é mais fácil. Mas depende da umidade, se estiver muito seco as condições pioram. Os grandes adversários dos atletas são o calor e a umidade relativa do ar.
Uma umidade muito baixa torna o ar seco, dificulta a respiração, seca as extremidades, racha os lábios. Já alta umidade relativa do ar dificulta a performance porque atrapalha a evaporação do suor, que é um mecanismo de equilíbrio térmico para o corpo. A umidade ideal para a realização da corrida é entre 50% e 60%.
Nada de extremos
Em um clima muito frio pode acontecer a hipotermia, que é uma causa rara de colapso em atletas, mas pode ocorrer quando se permanece muito tempo em ambiente frio e úmido (a hipotermia é grave quando a temperatura corporal cai e chega a menos de 32°C). No calor os riscos são de desidratação, intoxicação pela água e o choque térmico que, na maioria dos casos, é fatal.