segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Em defesa dos córregos do Parque Barigui

Gilberto, Luzimar, Barbara e Ari ao lado do Córrego do Bosque, que, graças à mobilização dos moradores, hoje tem até peixes
Aniele Nascimento/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Em defesa dos córregos do Parque Barigui
Vizinhos do mais tradicional parque de Curitiba contam como fizeram para despoluir os córregos da região
Bastam alguns minutos de caminhada pelo Parque Barigui ao lado do protético dentário e líder comunitário Ari Becker para perceber a sua popularidade. Entre “bom dias” e “tudo bens” ele relata as diversas brigas que já comprou – ao lado dos colegas da Associação dos Moradores e Amigos do Parque Barigui (AMAParque) – com os vizinhos, prefeitura de Curitiba e Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) para despoluir os córregos da região.

Entre vitórias e derrotas, o saldo é positivo: conseguiram reduzir a poluição do Córrego Quero-Quero e do Córrego do Bosque, que passam nos fundos do Museu do Automóvel. “Curitiba tem um problema em algumas áreas mais antigas. As manilhas são feitas de barro e quebram muito fácil, e a Sanepar não faz manutenção”, critica Becker.

Estrago

A luta do ambientalista começou em 2006, quando ele fotografou o estrago que esgotos clandestinos e redes rompidas estavam fazendo nos rios e levou tudo ao conhecimento das autoridades. “Haviam alguns esgotos irregulares, mas a Sanepar chegou junto e mandou regularizar. Eram poucos”, explica. Atualmente, o Córrego Quero-Quero ainda mostra sinais de degradação, enquanto o do Bosque já está com a água mais limpa. Até os peixes voltaram! Antes, segundo Becker, não havia rede coletora em alguns trechos próximos ao parque. “Você não vai acreditar, mas até o prédio da Secretaria de Meio Ambiente aqui perto não tinha”, entrega.

Mas não é só a inoperância do poder público que contribui para a degradação ambiental. A falta de envolvimento e atitude da própria comunidade tem sido o principal desafio dos vizinhos do Barigui. Muitas residências e até o comércio local direcionam a água da chuva para a rede de esgotos, o que provoca transbordamentos, mau cheiro e contaminação das águas. Isso sem falar do lixo atirado à sarjeta e às margens dos cursos fluviais. “A xepa de cigarro que você joga lá na Praça da Ucrânia vem parar aqui no Rio Barigui”, explica o líder comunitário.

Educação

Para a comerciante Barbara Fingerle Ramina, presidente da AMAParque, e Gilberto Walski, militar aposentado, a mudança de comportamento só virá com educação. “Isso pode começar nas escolas. Muitas vezes, as próprias crianças reeducam os pais”, constata Ramina. “Hoje as pessoas estão pouco preocupadas. Nem olham como está a água ali no córrego”, lamenta Walski. “Falta engajamento. A consciência de que se pode fazer alguma coisa ainda é pequena”, sentencia a administradora Luzimar Aizental.

O impacto gerado pelo descaso das pessoas não se reflete apenas em alagamentos, mau cheiro e paisagens degradadas. “O meu problema é com as ratazanas, e acho que vem disso”, reclama a fisioterapeuta Zeola Tonin, indicando o Córrego Quero-Quero, que passa ao lado da casa dela. E por falar em casa, a mudança, segundo Barbara Ramina, deveria começar por aí, com atitudes cotidianas. Ela, por exemplo, usa poucos produtos de limpeza – de preferência biodegradáveis – e ainda coleta a água da chuva para dar descarga ou regar o jardim. Medidas simples, mas que fazem a diferença.
Fonte: Aniele Nascimento/Agência de Notícias Gazeta do Povo

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